Senhor, que é o homem, para dele assim vos lembrardes e o tratardes com tanto carinho?’ (Sl 8, 5)
“Imaginemos um barco que navega sem rumo. Imaginemos um transatlântico moderno sulcando o mar a grande velocidade e com absoluta precisão. Mas…sem destino. Dentro do pequeno mundo da embarcação tudo é lógico e inteligente; as engrenagens, o motor, os empregados de bordo que se dedicam às tarefas que lhe são atribuídas. O sistema alimentar, as relações sociais, os jogos, o amor, os divertimentos que admiravelmente distraem os passageiros. Parece um pequeno paraíso. Do casco para dentro, o regime é ideal; no entanto, objetivamente, vistas as coisas do lado de fora, tudo é absolutamente irracional. Porque nenhum dos navegantes sabe para que estão ali e qual é o porto de chegada. Uma verdadeira loucura: um dia qualquer, sem se saber qual, os motores pararão por falta de combustível e todos serão engolidos pelas ondas do oceano. E de repente, o barco afunda!” (CIFUENTES, Rafael Llano. Deus e o sentido da vida).
A cada ser humano cabe a tarefa de buscar o sentido de sua vida e não ficar a deriva como um navio sem rumo.
Desde tempos passados o homem tem se questionado sobre sua existência. Diversas vezes tem feito a si próprio perguntas fundamentais: quem sou eu, de onde venho e para onde vou? E nas dessemelhantes respostas achadas pelo caminho, chegou finalmente a indagar: para que vivo? Qual o sentido fundamental da minha vida?
Inúmeras pessoas, jovens e adultos, embarcam num modo de vida semelhante ao do navio. Preenchem seus dias com diversas atividades, correspondem aos seus compromissos e tarefas diários, tudo parece caminhar bem. Todavia, ausentes de um sentido profundo em suas vidas, estão enraizados na materialidade das coisas, não ultrapassam aquilo que os olhos lhe permitem ver e levam a vida rumo ao nada. A morte será seu próximo encontro.
Entretanto, que vantagem teríamos se só vivêssemos assim? Qual lucro obteríamos caminhando rumo ao nada? A verdade é que todos vivemos para algo muito importante e que nos impulsiona para frente, para além de nós mesmos; é um instinto de felicidade eterna que não pode ser saciado com as coisas efêmeras que a vida material nos proporciona. Em último significado: é o desejo, a saudade de Deus, autor da Verdadeira Felicidade.
Note-se, porém, que Deus não é inventado como um mecanismo “para dar sentido”, mas percebemos Deus por trás das coisas, ao simples contemplar da “obra universal” que se põe a nossa frente, por exemplo. Encontramos o próprio Deus no mais íntimo de nós mesmos como exclamava Santo Agostinho: “Tarde Te amei! Tarde Te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova! Tarde demais eu Te Amei! Eis que estavas dentro, e eu, fora…Estavas comigo, e eu não estava contigo…Exalaste o teu perfume e, respirando0o, suspirei por Ti, Te desejei. Eu te provei, Te saboreei e, agora, tenho fome e sede de ti. Tocaste-me e agora ardo em desejos por tua paz!” (Agostinho. Confissões).
Finalmente, não seria uma loucura saber que Deus vive, e viver como se não soubéssemos? Assim como o navio, nossa vida pode estar sendo esse casco duro, repleto de inúmeras ocupações que nos aparecem, estudos, trabalhos, diversões, mas que não nos dão o sentido de nossa vida. Desafio-te a avançar a águas mais profundas, a mergulhar no seu próprio íntimo para que aí encontre Deus. Este Deus que é o único capaz de dar o Verdadeiro sentido à nossa vida.
Sem. Manoel Lauro
Diocese de Penedo
1º de Teologia, 2018